VIII Contextos e Conceitos

Adubação de sistemas para a cultura da soja

Wesley Gelinski, Everton da Silva Fantinel, Felipe Calgaro, Arthur Aloysio Schwengber, Dayana Jéssica Eckert, Gustavo Frosi, Jessé Rodrigo Fink

Resumo

A soja é uma das principais culturas do agronegócio brasileiro. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja. A área plantada na safra 2016/2017 foi de 33.915,00 milhões de hectares, com produção de 114.095 milhões de toneladas (CONAB, 2017), sendo o Paraná o segundo maior produtor da cultura no país (CONAB, 2018). O plantio da cultura da soja deve seguir o zoneamento agroclimático para evitar perdas na produtividade. O período ideal da semeadura da soja é afetado por questões climáticas que podem interferir de maneira significativa no desenvolvimento da cultura (Morando et al., 2014). Técnicas como a fertilização demandam de constantes reabastecimento da semeadora/adubadora e aumentam o tempo necessário para a etapa da semeadura influenciando na capacidade operacional da atividade agrícola (PAULA, 2018). Todavia, técnicas agrícolas que que possibilitem diminuir o tempo gasto com as operações de plantio da cultura tem sido propostas, porém deve-se evitar que tais artifícios interfiram negativamente na produtividade da cultura. Uma técnica que tem sido utilizada por agricultores para diminuir o tempo gasto na operação de semeadura é a adubação de sistemas, ou seja, utilizar toda a adubação necessária para as culturas de inverno e verão na cultura de inverno. Posteriormente, na cultura de verão utiliza-se somente as sementes. Tal técnica não está totalmente consolidada e resultados contraditórios são gerados. O objetivo do trabalho foi avaliar os componentes de produtividade da soja em diferentes sistemas de adubação. O experimento foi conduzido em um cultivo sucessivo de cevada - Hordeum vulgare (inverno 2017) e soja - Glycine max (verão 2017/2018), em uma propriedade rural no município de Mangueirinha-PR. O clima da região é classificado como Cfb (Classificação de Köppen-Geiser) e o solo é classificado como Latossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 2007). Uma amostra de solo composta da área experimental foi coletada e encaminhada à análise laboratorial. Os parâmetros químicos obtidos foram: pHCaCl2 5,0; matéria orgânica 50,93 g dm-3 ; fósforo 6,87 mg dm-3, potássio 0,18 cmolc dm-3, cálcio 6,5 cmolc dm-3, magnésio 2,4 cmolc dm-3, alumínio + hidrogênio 4,2 cmolc dm-3; e saturação por bases (V%) 68,37%. A recomendação de adubação foi realizada de acordo com o Manual de Adubação e Calagem para o Estado do Paraná (2017). Os tratamentos foram: a) testemunha (T) – nenhum cultivo recebeu adubação; b) adubação total na cultura da cevada (C+S) – a cultura da cevada recebeu a adubação recomendada para a cevada mais a recomendada para a cultura da soja (600 kg ha-1 de NPK 08- 30-20), ou seja, a soja foi cultivada sem adubação no momento do plantio; c) dose recomendada (RE) – cada cultura recebeu no momento da semeadura a quantidade de fertilizante (cevada recebeu 200 kg ha-1 de NPK 08-30-20 e a soja recebeu 521,5 kg ha-1 de NPK 02-23-23). As parcelas experimentais (16 m²) estavam dispostas em delineamento experimental inteiramente casualizado com cinco repetições. No dia 2 de novembro 2017, após a colheita da cevada ocorreu a semeadura da soja (BRASMAX LANÇA-IPRO 58I60). A semeadura e fertilização na linha foi realizada com uma semeadora/adubadora, com linhas espaçadas em 0,45 m. A população final de plantas foi de 280 mil plantas ha-1 . Quando a cultura da soja atingiu a maturação fisiológica, três plantas em três linhas de cultivo (9 plantas) tiveram a altura total e altura da inserção da primeira vagem mensuradas. Em cada parcela, colheu-se 1,35 m2. Os componentes produtivos avaliados foram número de vagens, o peso de mil grão (PMG) e a produtividade da cultura. Os dados do experimento foram submetidos à análise de variância e, quando necessário, foram comparados pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro com o auxílio do programa Statistix 10.0. Nenhum dos tratamentos (C+S, RE, T) influenciou significativamente os parâmetros apresentados avaliados. Para os tratamentos C+S, RE e T, o número médio de vagens por planta foi de 47, 45 e 46; o número total de grãos por planta foi 106, 98, 100 g; o peso de mil grãos foi 177, 179, 173g; e a produtividade foi de 4983, 4812, 5044 kg ha-1, respectivamente. Esses resultados mostram que a adubação antecipada em solos com sistema plantio direto consolidado (PD) e com níveis de fertilidade alto não é capaz de trazer nenhum efeito significativo nos componentes de rendimento da cultura da soja. O PD proporciona benefícios na qualidade biológica, química e física do solo, resultante do aporte dos resíduos provenientes da rotação de culturas. Tais benefícios, fazem com que o solo apresente uma maior retenção de água e uma melhor distribuição dos nutrientes no perfil, estimulando assim o desenvolvimento radicular da planta. Esses dados corroboram com Lana et al (2003), que verificaram que a adubação fosfatada e potássica antecipada em cinco meses antes da semeadura da soja não influenciou a produtividade da mesma durante o ano agrícola. SEGATELLI (2006) também observou que a antecipação total ou parcial da adubação da cultura da soja para a cultura antecessora (Eleusine coracana – campim pé-de-galinha), não reduz a produtividade. Segundo MATOS et al. (2006), o sistema de antecipação da adubação da cultura da soja é viável, reduzindo o número de operações, os custos operacionais totais, o que possibilita o aumento da receita liquida quando comparada ao sistema tradicional de adubação. Concluiu-se que a adubação antecipada da soja em um sistema plantio direto em solo com nível de fertilidade alto não influenciou os componentes de produtividade da cultura, reduzindo o custo de operação e incrementando a lucratividade da lavoura. Todavia, o sistema solo-planta-clima é bastante dinâmico, o que demanda condução de experimentos de longa duração sobre este tema.

Palavras chave:

Produtividade; Lucratividade; Operações agrícolas

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